DIÁRIO MATUTINO INDEPENDENTE · Domingo, 22 de Junho de 2025 · dnoticiaslpt MADEIRA 1,30 € (IVA incl.) · Director: Ricardo Miguel Fernandes Oliveira Ano 149 · Nº 49226 · PORTE PAGO CARTAS DE CONDUÇÃO ESTRANGEIRAS AUMENTAM 80% EM DOIS ANOS Entre 2022 e 2024, o IMT registou um crescimento de 3.600% nos pedidos de troca de títulos por parte de cidadãos indostânicos, comunidade que também lidera os requerimentos apresentados este ano P.2 E 3 Mário André sai em defesa dos imigrantes e diz, em entrevista ao DIÁRIO, que é de uma geração em que a música valia por si e que aos 75 anos ainda tem projectos. É hoje homenageado com um concerto no Teatro P.22 E 23 “SE EU NÃO TENHO SONHOS, EU MORRO” FOTO FÁBIO BRITO David Pestana publicou o primeiro livro de poesia aos 17 anos, é triatleta do Sporting e está a concluir licenciatura em Engenharia Física no Técnico P.6 E 7 O DESPORTISTA E POETA QUE SERÁ CIENTISTA AGRESSÕES ENTRE AMIGAS DOS ANIMAIS CHEGAM A TRIBUNAL P.9 Empresários do Porto Santo galvanizam-se com a enchente por ocasião das festas populares. O “maior cartaz da ilha” disfarça a escassez de ligações aéreas, de mão-de-obra e de habitações acessíveis P. 4 E 5 SÃO JOÃO DE OURO
DIÁRIO DE NOTÍCIAS Domingo, 22 de Junho de 2025 2 Factos África América do Norte América do Sul 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 (até 31/05) Fonte: IMT, IP-RAM TROCAS DE CARTAS DE CONDUÇÃO ESTRANGEIRAS NA RAM Ásia Europa Oceânia 0 0 TOTAL 2022 2.084 TOTAL 2023 2.557 TOTAL 2024 3.760 TOTAL 2025 1.674 CARTA DE CONDUÇÃO PUB TRANSPORTES TROCA DE CARTAS DE CONDUÇÃO ESTRANGEIRAS COM AUMENTO DE 80% EM DOIS ANOS Instituto de Mobilidade e Transportes da Região regista crescimento de 3604.8% nas nacionalidades asiáticas entre 2022 e 2024. Comunidades indostânicas dominam os pedidos de trocas (51,66%) em 2025
DIÁRIO DE NOTÍCIAS Domingo, 22 de Junho de 2025 3 A deslocação de cidadãos imigrantes não residentes na Região indica que o serviço prestado pelo IMT na Região é um serviço de referência no contexto nacional. No entanto, é nossa prioridade continuar a garantir que os residentes na Madeira e Porto Santo tenham um acesso rápido e digno a estes serviços públicos.” IMT, IP-RAM MARIANNA PACIFICO [email protected] O número de trocas de cartas de condução estrangeiras na Região Autónoma da Madeira continua a crescer, registando um aumento superior a 80% entre 2022 e 2024. Entre 1 de Janeiro e 31 de Maio de 2025, o Instituto de Mobilidade e Transportes, IP-RAM, anterior Direcção Regional dos Transportes e da Mobilidade Terrestre, realizou 1.674 trocas de títulos de condução, o que corresponde a uma média mensal de cerca de 335 processos e a um ligeiro acréscimo de 1,8% face ao mesmo período do ano anterior. De acordo com os dados fornecidos ao DIÁRIO, a Madeira mantém a tendência dos últimos anos e consolida-se como um dos destinos preferenciais para a regularização de condutores imigrantes. Com tempos de processo mais curtos em relação ao resto do País, a Região tornou-se num ponto estratégico para a troca de cartas de condução estrangeiras com muitos requerentes a viajar propositadamente para a Madeira para trocar a carta. Actualmente, o tempo médio de resposta do IMT regional ronda os quatro meses. Segundo o instituto, o aumento da procura está relacionado com a “eficiência reconhecida” do serviço prestado na Região, que tem sido considerado por muitos um “serviço de referência no contexto nacional”, atraindo muitos imigrantes não residentes no arquipélago. Apesar de o IMT, IP-RAM não dispor de dados oficiais sobre a residência efectiva dos requerentes, uma vez que o sistema informático não permite a filtragem entre cidadãos residentes na Madeira e aqueles que apenas realizam o processo na Região, a entidade confirma a deslocação de imigrantes não residentes no arquipélago só para obter o título de condução português, reconhecendo, contudo, que existem também muitos pedidos feitos por emigrantes que regressam temporária ou definitivamente à Madeira, em especial provenientes da Venezuela, do Reino Unido e da África do Sul. Para responder à crescente procura, o IMT regional mantém em funcionamento um posto de atendimento adicional, criado em 2024, que é activado sempre que ocorrem picos de afluência. Mudança no perfil migratório Os dados relativos às trocas de cartas de condução estrangeiras na Região Autónoma da Madeira entre 2022 e 2025 (até 31 de Maio) revelam uma mudança significativa no perfil migratório com destaque para o crescimento da imigração proveniente da Ásia. Tradicionalmente dominadas por cidadãos da América do Sul, as trocas dos títulos de condução passaram a ser lideradas por nacionais de países asiáticos, particularmente de comunidades indostânicas, tais como da Índia, do Bangladesh, do Paquistão e do Nepal. Em 2022, foram efectuadas 1.107 trocas de cartas de condução por sul-americanos, contra apenas 41 por asiáticos. Ao longo dos anos, a presença asiática cresceu de forma exponencial, passando em 2023 para 200 trocas e em 2024 para o impressionante registo de 1.519 trocas, um aumento de 3604.8%, ultrapassando os 994 pedidos provenientes da América do Sul. Em 2025, até 31 de Maio, os cidadãos asiáticos já somavam 865 trocas, quase o triplo das 307 feitas por sul-americanos no mesmo período. 2025 mantém a tendência Dos 1.674 pedidos de troca de carta de condução estrangeira registados nos primeiros cinco meses de 2025, mais de metade foram feitos por cidadãos asiáticos. O Bangladesh lidera a lista de países emissores com 364 processos, seguido do Paquistão, com 335. A América do Sul, com destaque para a Venezuela (209 trocas) e para o Brasil (89 trocas), também apresenta números expressivos. Já na Europa, o Reino Unido está em evidência com 177 trocas de títulos de condução. A análise por género revela uma predominância masculina significativa em todas as regiões geográficas. Entre os requerentes asiáticos, 97% eram homens. Nos pedidos provenientes de países africanos, 86% foram feitos por homens, enquanto na América do Sul, os homens representaram 71% dos requerentes. De referir que a troca da carta de condução estrangeira por uma carta portuguesa permite que o título de condução seja válido para todos os países pertencentes à União Europeia e ao Espaço Económico Europeu (EEE - Islândia, Liechtenstein e Noruega), até ao fim da sua validade. Ter um título de condução válido é essencial para trabalhar como condutor de TVDE (Transporte em Veículo Descaracterizado a partir de Plataforma Electrónica) e de entregas ao domicílio, actividades muito procuradas por imigrantes. FOTO ASPRESS COMO FUNCIONA A TROCA DE CARTA DE CONDUÇÃO? n As cartas de condução emitidas por países estrangeiros não aderentes às convenções internacionais de trânsito rodoviário não são válidas para conduzir em Portugal. Para conduzir em Portugal o cidadão tem de pedir, de imediato, a troca do seu título de condução por uma carta portuguesa junto do IMT, apresentando os seguintes documentos e requisitos: n Ter idade mínima legal exigida pela lei portuguesa para a(s) categoria(s) que tem habilitação; n Ter aptidão física, mental e psicológica; n Ter residência em Portugal; n Não estar proibido ou inibido de conduzir; n Carta de condução válida e definitiva; n Um documento de identificação, com residência em Portugal (qualquer documento de identificação emitido pelo Estado português, excepto o passaporte); n Um atestado médico electrónico, emitido e enviado pelo médico ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), através da internet. É necessário para todas as categorias de carta; n Declaração, emitida pela entidade congénere (entidade estrangeira emissora do título) ou entidade consular, que comprove que a carta é autêntica e que indique: a data de emissão e a validade da carta; as categorias de veículos que o condutor pode conduzir, com as datas de habilitação e restrições que cada categoria tiver; n Se a carta não estiver escrita em português, espanhol, francês ou inglês, também precisa de tradução da carta de condução para português, autenticada pela embaixada ou consulado português (ou de outro Estado-membro da União Europeia) no país onde a carta foi emitida; n Se a carta inclui categorias do grupo 2, também precisa de Certificado de aptidão psicológica.
4 DIÁRIO DE NOTÍCIAS Domingo, 22 de Junho de 2025 Apesar da forte afluência durante o São João, empresários do Porto Santo alertam para algumas dificuldades. Falta de habitação a preços acessíveis agrava problema da falta de mão- -de-obra FESTAS CHEIAS, FUTURO INCERTO RÚBEN SANTOS [email protected] Com restaurantes cheios, barcos lotados e alojamentos esgotados, o São João confirma-se como um dos pontos altos do calendário turístico do Porto Santo, no entanto, apesar da forte afluência, os empresários alertam para dificuldades estruturais que comprometem a sustentabilidade do turismo fora da época alta. A falta de ligações aéreas, mão- -de-obra escassa e falta de habitação a preços acessíveis são algumas das principais preocupações. José António Castro, presidente da Associação de Indústria, Comércio e Turismo do Porto Santo (AICTPS), é o primeiro a falar à reportagem do DIÁRIO e traça um retrato confiante, mas também exigente, da realidade económica da ilha em início de época alta. “O tecido empresarial preparou-se para este evento, que é o maior cartaz do Porto Santo”, afirmou, dando nota de que os “comerciantes estão satisfeitos com o movimento que se tem verificado”. Situação que implicou alguma adaptação, uma vez que os empresários “tiveram de se adaptar à realidade do Porto Santo e tiveram de dar resposta a uma procura que é, felizmente, cada vez maior.” lamentou, em nome do tecido empresarial. Por isso mesmo, defendeu que “é nestas alturas que os porto- -santenses têm de acarinhar quem quer investir”, sobretudo “grandes investidores”. A fixação de jovens e a formação qualificada são apontadas como prioridades por José António Castro para acudir à falta de mão-de-obra que já se faz sentir na ilha. É por isso que o presidente da AICTPS defende a criação de estruturas de ensino que permitam aos jovens porto-santenses estudar sem saírem da ilha. “Precisamos de mais formação profissional. Não podemos, nem queremos, que haja apenas uma extensão de uma escola de formação para alunos do exterior. Os jovens do Porto Santo têm de ter formação aqui”, afirmou, estendendo o apelo também ao ensino superior. “Falamos da necessidade de cresce a necessidade de reforçar a equipa. No entanto, encontrar pessoas dispostas (ou capazes) de trabalhar tem sido um desafio. “Já estou à procura. Para além do pedido feito ‘boca a boca’, já publiquei um anúncio nas redes sociais. Mas não aparece ninguém para trabalhar”, lamenta. A principal lacuna está nas limpezas. “A nossa maior lacuna é mão-de-obra para limpezas - e não existe”, afirma. Um dos casos que exemplifica essa dificuldade foi o de uma trabalhadora da Madeira, que teve de regressar por não conseguir manter o alojamento na Ilha Dourada. “Tínhamos uma pessoa da Madeira, mas teve de entregar a casa onde ia ficar porque o senhorio pediu. Sem alojamento, ela teve de voltar”, relata. Para Diogo Costa, a origem do problema está identificada: a escassez e o custo do arrendamento de longa duração. “O alojamento está caro, muito caro. O Porto Santo está na moda, é um destino cada vez mais procurado, e muitas pessoas preferem colocar as suas casas no mercado de alojamento local - porque dá mais retorno. Compram o imóvel e depois vão rentabilizando”, explica. Este cenário torna difícil atrair mão-de-obra de fora. “Quem vem de fora não encontra casa para arrendar a longo prazo. E as que existem, estão caríssimas”, refere. E mesmo que se ofereça um salário acima do mínimo, isso não resolve o problema. “Se quisermos trazer alguém de fora, essa pessoa precisa de alojamento. Mesmo que ganhe acima do salário mínimo, não consegue pagar o que pedem por um apartamento. E se não tiver onde ficar, não vem.” Na sua perspectiva, não há dúvidas: “A falta de mão-de-obra que sentimos actualmente no Porto Santo está directamente relacionada com a escassez de habitação acessível para arrendamento permanente.” Ainda assim, o São João de 2025 tem-se revelado positivo para o sector. “Acho que, como sempre, comparamos com os anos anteriores. Este ano o movimento começou mais cedo e a taxa de ocupação está boa. Comparado com o ano passado, temos mais casas ocupaEconomia mexe com o São João, mas o tecido empresarial faz contas à vida e olha para o futuro. FOTOS FÁBIO BRITO ECONOMIA A esse propósito, o dirigente destaca também o impacto social das festas, com reflexos positivos na dinâmica da população local. “É de louvar a mobilização dos porto- -santenses, que antes, sem este tipo de eventos - ou com outros, mas mais reduzidos em termos de qualidade - não saíam de casa”, frisou, dando nota de que o objectivo é exactamente esse: retirar as pessoas de casa e levá-las a sair à rua, porque no Porto Santo “sempre houve fome de eventos”. E o São João calha precisamente na semana em que foi aprovado o Orçamento Regional para 2025, com um atraso de seis meses. O que provocou alguns constrangimentos. “Foi difícil para nós, porque com as mudanças de governo, o orçamento só foi aprovado agora e isso criou bloqueios. Os apoios ficaram parados e tudo ficou em suspenso”, um polo da Universidade da Madeira aqui na ilha. Os jovens do Porto Santo não podem continuar a ter de sair, com todos os encargos que isso acarreta. Temos de fixar o talento jovem”, defendeu. Habitação trava contratação O São João está a ser uma época de alta rotação para Diogo Costa, responsável por uma empresa de gestão de alojamentos locais no Porto Santo. Entre limpezas, manutenções, jardinagem e apoio aos hóspedes, o empresário admite estar “sempre a correr”. A taxa de ocupação é elevada e o número de casas sob sua gestão tem vindo a crescer – já são cerca de 40. Mas, o principal entrave é a falta de mão-de-obra — um problema que, segundo defende, está intimamente ligado à crise habitacional da ilha. Com o aumento da procura,
5 DIÁRIO DE NOTÍCIAS Domingo, 22 de Junho de 2025 das e mais trabalho. Basicamente é isso”, confirma. Sobre o perfil dos clientes, admite que a maioria dos hóspedes nas casas que gere são “continentais e estrangeiros”. “Os madeirenses também vêm muito ao Porto Santo por esta altura, mas, como as nossas casas são, em grande parte, casas grandes, são mais procuradas por famílias - não tanto por jovens.” Restauração sente impacto Tínhamos acabado de falar com um gestor de alojamentos locais - onde uma das grandes vantagens dos hóspedes passa pela cozinha - e decidimos falar com Ricardo Ferreira, conhecido empresário ligado à restauração e proprietário de vários espaços emblemáticos da ilha, tais como a Baiana, Apolo 14, Pé na Água e Panorama. Questionado sobre esta ‘concorrência’ de alguns visitantes prescindirem de comer fora ao optarem por fazer as suas próprias refeições no alojamento, o empresário até adopta uma visão pragmática. “Para nós, o mais importante é que as pessoas estejam cá. Mesmo que não saiam todas as noites, saem uma ou duas - já é bom. Muita gente também não tem paciência para cozinhar nas férias”, afirmou, reconhecendo que pode haver “algum impacto”, mas que o essencial é “haver gente na ilha”. Já quanto ao regime de tudo incluído, a opinião muda. “Percebo a lógica, principalmente no Inverno, porque os turistas saem pouco. Mas também percebo quem escolha tudo incluído - a ilha, no Verão, não tem capacidade para sentar toda a gente nos restaurantes. Portanto, às vezes, é mesmo necessário, porque a dificuldade é mesmo conseguir sentar toda a gente”, reforçou. É o que está a acontecer neste São João, que está a ser uma das melhores semanas do ano para o sector. “Está a ser uma das melhores semanas do ano. Está muita gente no Porto Santo, o que faz com que os nossos espaços fiquem cheios. Aliás, não só os nossos, mas todos os que há no Porto Santo”, afirmou o empresário. n Nélio Mendonça está ligado ao turismo marítimo no Porto Santo desde 2004. A sua empresa, Mar Dourado, é hoje uma referência na animação turística ligada ao mar na Ilha Dourada. Com uma oferta que vai muito além dos simples passeios de barco, o empresário tem vindo a moldar a actividade ao longo dos anos, apostando numa experiência autêntica. Mas, apesar do movimento trazido pelas festas populares, o empresário não depende do São João. “As pessoas que vêm para o São João vêm pelas festas. Claro que aproveitam para fazer actividades, o que é bom para a economia local. Ricardo Ferreira (à esquerda) é um dos mais famosos empresários ligados à restauração. a sazonalidade e dificulta a sustentabilidade do negócio. “Se continuássemos a ter ligações com o continente depois do Verão, dava para atenuar essa sazonalidade. Já tivemos um voo da Noruega e um charter da Dinamarca, que ainda se mantém, mas é pouco.” Apesar de esforços pontuais, a promoção do destino continua aquém do necessário. “Há 15 anos, tínhamos ligações da TAP com o continente. Hoje, apesar de o Porto Santo ser mais conhecido, a promoção não está a funcionar como devia.” O empresário defende que é necessário repensar a forma como o Porto Santo é promovido, especial- “TENTAMOS GANHAR O QUE PODEMOS EM QUATRO MESES PARA SUSTENTAR 12” ilha com a mota. É uma experiência diferente, mais próxima da natureza. É mais fácil parar, observar. E, com bom tempo, é muito agradável”, afirma. As intervenções nas estradas, visíveis em várias zonas da ilha que se estendem desde a Vila até à Calheta, parecem não ser motivo de grandes queixas entre os visitantes. “Não muito. As pessoas assumem que é uma fase temporária. Como estão cá poucos dias, acreditam que as obras também não vão durar muito. Quem se queixa mais são os locais”, indica. Já no que diz respeito às condições para circular de bicicleta, o responsável faz outras observações - sobretudo em relação à ciclovia. “Sim, com certeza. Neste momento, com as obras, não está em boas condições. Não está confortável para utilizar de bicicleta.” A empresa disponibiliza bicicletas normais e eléctricas, mas o receio de circular em vias com trânsito afasta muitos clientes. “Quando há famílias com crianças, muitas vezes não alugam porque não se sentem seguras, especialmente no trajecto entre a Vila e o Hotel Porto Santo. Com muito trânsito e agora só com uma faixa por causa das obras e semáforos, há essa pressão dos carros atrás.” Carlos acredita que essa infra-estrutura poderia mudar o cenário: “Uma ciclovia adequada entre a Calheta e a cidade faria toda a diferença. Teríamos muito mais pessoas a andar de bicicleta.” Nas perspectivas para o Verão, Carlos aponta para uma estabilidade em relação ao ano anterior. “Neste momento, está mais ou menos equivalente ao ano passado. O início do ano teve menos movimento, mas a partir da Páscoa começou a melhorar.” Mas, se pudesse apontar uma melhoria essencial para o seu sector, a resposta é clara: uma ciclovia segura e funcional entre a Calheta e a cidade. “Acho que uma ciclovia em condições até à Vila, pelo menos entre a zona da Calheta e a cidade, seria uma grande mais-valia. Daria às pessoas uma mobilidade mais segura e confortável”, defende. mente durante o Inverno. “Somos muito resilientes. Tentamos ganhar o que podemos em quatro meses para sustentar 12 - o que é muito difícil.” Além disso, critica a falta de apoio da Associação de Promoção da Madeira. “Tem um orçamento de milhões, mas é tudo para conseguir charters para a Madeira. O Porto Santo fica esquecido.” Nélio defende igualmente mais iniciativas e eventos fora da época alta. “Por exemplo, criar eventos de Inverno: promoções que incluam passeios de barco, iniciativas dentro da própria Madeira para promover o Porto Santo.” A dificuldade em manter colaboradores qualificados é outra consequência desta sazonalidade. “Temos colaboradores que preparamos durante quatro ou cinco meses para depois termos de os mandar embora. Cada vez é mais difícil arranjar pessoal para trabalhar, porque os jovens saem da ilha para procurar emprego com estabilidade anual.” Para o responsável da Mar Dourado, a solução passa por garantir que as empresas possam trabalhar todo o ano. “Não somos nós que temos de esperar. Há quem esteja acima de nós que devia fazer o trabalho certo.” Eventos como o São João ajudam todos.” Nesta altura do ano, o ritmo é intenso. “Estamos a fazer vendas nos hotéis durante a manhã e para hoje temos dois barcos cheios. Amanhã começa tudo outra vez, a semana toda em força.” A grande dificuldade chega com o fim do Verão. “Trabalhamos muito no Verão, até Setembro, e depois, infelizmente, chega o Inverno e há uma grande quebra no turismo. Não é por falta de condições, mas por falta de ligações com o continente.” Segundo Nélio, a ausência de voos regulares fora da época alta agrava E mesmo com a presença de barracas de comes e bebes no recinto das festas, os restaurantes continuam a atrair clientes. “No caso da Baiana e do Apolo 14, apesar de não estarem dentro do recinto da festa, estão no centro da cidade e têm muitos clientes nesta altura. Notamos só um ligeiro abrandamento aos jantares”, destacou. Ao jantar é notória a grande adesão à zona gastronómica plantada à entrada do Cais da Cidade. Este ano, um grupo de empresários do Porto Santo – do qual Ricardo faz parte – marca presença directa nas barracas do recinto. “A Câmara lançou o desafio à restauração para participar e nós aceitámos”, explicou. Segundo Ricardo Ferreira, essa participação tem sido feita de forma colaborativa. “Juntámo-nos num grupo chamado 'Amigos da Restauração'. Unimo-nos para dividir os recursos e conseguir participar. Ontem foi o primeiro dia das festas e foi muito interessante. Tem uma dinâmica diferente dos restaurantes, mas também é divertido”, contou. O empresário elogiou ainda o papel da Câmara Municipal na organização do evento. “Tem havido bons artistas e isso traz muita gente ao Porto Santo propositadamente para os ver. Nota-se a diferença, especialmente neste mandato”, concluiu. Bicicletas e motas para alugar Andávamos de um lado para outro nesta ronda de entrevistas aos empresários do Porto Santo e decidimos chegar à fala com Carlos Vasconcelos, responsável por um serviço de aluguer de bicicletas e motas no Porto Santo, que nos partilhou um cenário ligeiramente diferente. “Como o tempo está bom as pessoas andam mais pela praia. Nesta altura do São João é mais comum haver vento e nuvens. Por isso, no nosso caso é o contrário: quando há muito sol, há menos pessoas a andar de bicicleta.” “Nestes dias com muito sol, acabam por procurar mais as motas”, aponta. E há razões claras para essa preferência: “É mais barato do que alugar um carro. E com a mota conseguem deslocar-se e conhecer a ilha de forma mais prática.” Para além do preço, há outros factores que motivam os clientes a optarem pelas duas rodas. “Às vezes é pelo preço, mas muitas vezes é pela facilidade de deslocação na
6 DIÁRIO DE NOTÍCIAS Domingo, 22 de Junho de 2025 até hoje. Isso construiu em mim não só um corpo de conhecimento, mas, sobretudo, uma curiosidade incessante.” O caminho do David não foi, porém, isento de desafios. O divórcio dos pais marcou a sua infância e impôs-lhe uma maturidade emocional precoce: “Essa experiência exigiu muito de mim, sobretudo do ponto de vista emocional. Tive de aprender a viver momentos de muita solitude - uma solidão saudável, que hoje sei ter sido fundamental para o meu crescimento. Sempre fui sociável, mas precisava dos meus espaços de reflexão, e, à medida que a adolescência avançava, esses momentos tornaram-se ainda mais importantes.” Foi nessa solidão e necessidade de introspecção que a poesia e a música começaram a ganhar vida no seu dia a dia. “O meu primeiro poema surgiu numa madrugada aos 14 anos, aquando de uma insóGERAÇÃO DO FUTURO Aos 21 anos, David Berenguer Pestana é a prova viva de que o talento não se restringe a uma só área. Natural da Ponta do Sol, este jovem madeirense construiu, em poucos anos, um percurso que combina poesia, engenharia e triatlo com uma destreza invulgar. Comecemos pela literatura. Para que se tenha uma ideia, o ponta-solense publicou o seu primeiro livro de poesia, ‘Os Traços de Cada Linha’, quando tinha 17 anos, e logo na editora Chiado. “A poesia surge um pouco mais tarde na minha vida, aos 14 anos, numa época em que a ciência e a procura pela verdade das coisas de uma forma objectiva já há muito tinham despertado em mim.” A ligação define o jovem David. Desde os 5 anos, lembra uma curiosidade imensa pelo universo: “Vi uma simulação do sistema solar e fiquei fascinado por entender como corpos rochosos podiam flutuar no vazio.” Essa sede de conhecimento levou-o a devorar livros e a investigar o mundo que o rodeava numa inquietação que o acompanha até hoje. Essa curiosidade pela verdade e pelo conhecimento nasceu cedo, também alimentada por um ambiente familiar onde o incentivo à leitura e à reflexão foi constante. “Os meus pais incutiram-me desde cedo a curiosidade e a reflexão. Lembro-me do meu pai comprar- -me muitas enciclopédias e essa imagem está muito viva em mim David Berenguer Pestana mostra que o verdadeiro talento nasce da coragem para experimentar. E o jovem natural da Ponta do Sol mostra talento na poesia, engenharia e triatlo INTEIRO EM PARTES Ponta-solense está prestes a terminar a licenciatura em Engenharia Física no Instituto Superior Técnico, em Lisboa. FOTOS DR RÚBEN SANTOS [email protected] nia - cuja solução fora, em vez da física e matemática - escrever um poema. Na manhã seguinte a minha família mostrou-se surpreendida, pela qualidade e maturidade do texto.” Na música, por exemplo, seguiu caminhos variados. “Comecei pelo acordeão, passei pelo saxofone e hoje toco guitarra. Desde os 15 anos que componho músicas, ainda que de forma amadora, mas com muito carinho. Tenho um acervo enorme de temas por publicar.” A música, como a poesia, é para a versão de um David cantautor a forma perfeita de expressão que complementa o lado científico e racional. Mas, foi durante a pandemia de Covid-19 que David alcançou uma primeira grande visibilidade literária. Participou numa antologia, ‘Quarentena: Memórias de um País Confinado’, na qual foi o autor mais jovem, com o poema ‘Rua apagada e aceso coração’. E, na verdade, foi esta a sua primeira publicação. “O meu poema falava dessa dualidade estranha que todos sentimos: estar livres dentro de casa, mas presos lá fora.” Esse reconhecimento levou a um convite para declamar na Assembleia Legislativa da Madeira, um momento que recorda com orgulho, sobretudo porque esteve ligado a uma homenagem à Direcção-Geral de Saúde e ao Governo Regional pelas medidas tomadas naquela altura delicada para todos. Já o seu livro, publicado em 2022, é uma colecção de momentos, emoções, pensamentos e sonhos - uns reais, outros imaginados. “O título, ‘Os Traços de Cada
7 DIÁRIO DE NOTÍCIAS Domingo, 22 de Junho de 2025 semanas 0 6 8 faltam 11.10.2026 PRÓXIMA OBRA LITERÁRIA VEM A CAMINHO n A próxima etapa passa por um romance que já começou a escrever, devagar, com a paciência que a arte exige. “Não quero criar expectativas prematuras, mas quero que seja uma obra com impacto sísmico na literatura contemporânea. Não busco o alarido, mas algo que perdure no tempo.” Este não será um romance comum, nem um simples enredo linear, como o público está habituado. “É uma tentativa, pelo menos rara, de unir poesia e narrativa de romance”, explica. A estrutura da obra será inovadora, com segmentos poéticos. “Não terá um enredo como em muitos romances comuns; e, a somar-se a isto, ornamentados com poemas como se escritos pela personagem principal.” David prefere guardar o resto da surpresa, mas a proposta já demonstra um compromisso sério com a sua profundidade artística. Quer algo que transcenda modismos e que realmente crie um legado literário. “É isso. Acho que é uma proposta, se não pioneira, rara: juntar um enredo com trabalho poético.” No entanto, apesar do entusiasmo pelo projecto, David não ignora as dificuldades inerentes ao mundo editorial, um campo que ele conhece bem desde muito jovem. “Após a primeira obra, a pessoa ganha alguma experiência no trabalho com editoras, porque, no fundo, como publiquei muito cedo - era tão jovem, com 17 anos - acabei por ser ingénuo a muitos processos burocráticos e injustos.” Por isso, alerta para uma realidade pouco discutida, mas fundamental. “É preciso ter cuidado, porque as editoras, no fundo, às vezes olham para nós mais como produtores do que como contribuintes. E acho que isso também é uma realidade um pouco triste da literatura.” O escritor destaca ainda a questão financeira, que impacta directamente a sustentabilidade da profissão. “Já não basta as poucas pessoas que lêem, temos a questão dos ‘royalties’, que tiram muito aos escritores. E isso é público, não é mistério. De uma obra podemos ter 15% a 20%. E fomos nós que a escrevemos.” Diante deste cenário, David revela que não abdicará de publicar da publicação, mas está consciente das opções e das suas limitações. “Nunca deixarei de publicar, nunca deixarei de ser escritor, mas a realidade que se depreende é: ou a pessoa faz uma edição de autor e tem mais dificuldades em termos logísticos para distribuição ou então faz um contrato - como o que eu fiz há três anos com uma editora - mas depois tem esta série de coisas um tanto injustas, para não dizer totalmente injustas.” Quanto à música deixa também a sua nota pessoal. “A minha relação com a composição musical nasceu com a guitarra. Sou um assumido autodidacta. Nunca estudei composição nem teoria musical a fundo. No entanto, reconheço potencial nas minhas criações - sempre entre o indie, o pop, balada romântica - e não tarda poderei brindar o mundo com estas obras ‘engavetadas’.” Linha’, surgiu de forma intuitiva, mas depois percebi que encaixava perfeitamente: em cada linha do livro está um traço do que sou. Embora não autobiográfico, é um reflexo inevitável de mim e daqueles adolescentes anos; e das minhas dúvidas, sonhos, (des)amores… e reflexões sobre a condição humana.” Reflexões que o fizeram embarcar numa exigente licenciatura em Engenharia Física Tecnológica no Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Por isso, fala-nos sobre os planos após concluir a licenciatura, revelando uma maturidade impressionante, mesmo com apenas 21 anos. “Ainda não tenho tudo definido, mas o que me interessa imenso é a parte energética, dada a crise que vivemos a nível ambiental”, explica. Para o ponta-solense, a engenharia é uma oportunidade real de contribuir para um Mundo melhor. “Se eu pudesse ter um contributo, sendo engenheiro, que me fizesse levantar todos os dias da cama com motivação, seria trabalhar para soluções ou inovações energéticas. Melhorar a eficiência das baterias, renovar o sistema eléctrico nacional... coisas que fazem a diferença no dia a dia das pessoas.” Além das aulas, o jovem está integrado num núcleo universitário (Técnico Fuel Cell) dedicado à construção de carros a hidrogénio, uma experiência que reforça o seu compromisso com a sustentabilidade. “Estou sempre interessado pela eficiência energética e as soluções verdes. Acredito muito que esse é o futuro.” E se pensarmos que o talento de David está apenas no intelecto e na arte, enganamo-nos. Em Setembro passado, decidiu enfrentar um novo desafio físico: treinar para um Ironman, uma prova de ultra resistência que junta natação, ciclismo e corrida. “Sou atleta do Sporting Clube de Portugal e em Outubro vou fazer o meu primeiro Half Ironman - 1.900 metros a nadar, 90 quilómetros de bicicleta e uma meia-maratona (21.1 quilómetros). É completamente fora da minha zona de conforto, mas vem provar que sou capaz de muito mais do que apenas arte ou ciência.” Entre a arte, desporto e ciência O percurso de David Berenguer Pestana destaca-se pela coragem de não se limitar a uma única área do conhecimento. Envolvido simultaneamente em escrita, desporto e engenharia, desafia a ideia de que é preciso escolher um caminho único e oferece uma reflexão profunda sobre o que significa aprender e crescer em diversas frentes. “Olha, isso é uma pergunta brilhante. Por acaso, nunca a recebi”, confessa quando questionado sobre o que retém de cada uma dessas áreas e o que todas têm em comum. Embora distintas, explica, “precisamente porque o nosso cérebro é um só e tem uma capacidade naturalmente plurimodal... Nós somos, desde que nascemos, células totipotentes. Podemos ser o que quisermos. Infelizmente, a sociedade vai colocando rótulos, expectativas... e, ora por medo, ora por circunstâncias, vamo-nos limitando.” Mas David nunca permitiu que esses limites o definissem: “Eu, por alguma razão, mantive a coragem de não me limitar. Nunca senti obrigação de ser uma coisa só. Por isso, acabei por unir áreas que à primeira vista parecem distintas.” “Sou uma pessoa que procura sempre o melhor, a autossuperação. E, independentemente do que faça, procuro sempre desafiar-me. Na escrita, na música, no desporto, na engenharia - tudo o que é desafiante alicia-me.” E é precisamente esse amor pelo desafio que o mantém em movimento: “Eu gosto de não saber. Gosto de não conseguir. Porque, depois, gosto de aprender e conseguir.” Essa busca pelo autoaperfeiçoamento não é motivada por vaidade, mas por uma verdadeira filosofia de vida. “Essa busca pelo autoaperfeiçoamento não é motivada por vaidade ou desejo de fama. Essa procura contínua por melhorar-me não é egóica. É uma filosofia de vida que me guia.” A autossuperação para David é um meio para um fim maior: ser útil à sociedade. “Acredito que, para sermos bons para a sociedade, temos primeiro de ser bons para nós mesmos. Tento melhorar-me não para ficar com os frutos do meu trabalho só para mim, mas para os poder entregar ao Mundo.” Ao falar do que o inspira, David revela uma vontade profunda: “Se eu pudesse viver uma vida simples, com o necessário, e doar o resto da minha energia à construção de uma sociedade melhor, morreria feliz.” “O físico teoriza a realidade com números; o poeta e o músico fazem o mesmo com palavras e notas.” O desporto, por sua vez, ocupa um lugar à parte, mas ainda assim está intimamente ligado ao desafio, exigindo persistência e resiliência emocional. “As pessoas hoje têm muita impaciência com tudo. Mas se se propusessem mais ao difícil - a acordar cedo, a descobrir leis da natureza, a escrever poemas - moldar-se-iam a si próprias”, precisou. David reforça que essa aceitação da dificuldade o fortalece. “Eu sempre acreditei - e não é minha esta frase, mas acredito muito nela - que a vida nunca fica fácil, nós é que eventualmente ficamos mais fortes.” A humildade é outro valor que atravessa a sua trajectória. Embora envolvido em várias áreas, David não se vê como um mestre de nenhuma delas. “Curricularmente não sou o mais completo que poderia na ciência, ou, na verdade, em nenhuma das três áreas - é natural, pois divido a minha vida temporalmente. Não sou super- -homem.” Essa multiplicidade, no entanto, traz-lhe uma consciência rara: a do processo contínuo de aprendizagem. “Por fazer muitas coisas, tenho consciência do processo moroso e árduo da aprendizagem de algo novo, e - portanto - humildade.” Esse olhar humilde ajuda-o a lidar com os desafios do dia a dia. “Como é que eu não poderia ser [humilde]? Se quero correr um quilómetro mais rápido no triatlo, tenho de passar por um processo de aprendizagem… se quiser escrever melhor, idem. Tenho de estar disposto à humildade e à paciência que advém de errar.” A vida é, por isso, um percurso perpétuo de evolução, sem a necessidade de resultados imediatos ou glórias fáceis. “Acho que viver assim é estar, não tão preocupado com o contributo directo e imediato das coisas, mas o seu efeito composto. Eu sei, lá está, por dividir a minha vida em muitas áreas não serei cedo um mestre nas três. É um processo eterno, até à morte. Nunca tive medo de errar. Tive sempre coragem de experimentar.” “Todos nós somos um oceano, é preciso saber navegá-lo”, remata, naquela que se pode assumir como a maior lição que o seu percurso pode ensinar: a vida é um constante desafio que exige humildade e uma vontade infindável em aprender. Por alguma razão, mantive a coragem de não me limitar. Nunca senti obrigação de ser uma coisa só.”
8 DIÁRIO DE NOTÍCIAS Domingo, 22 de Junho de 2025 A instalação de um sistema de monitorização com contadores automáticos é uma das novidades da empreitada de reabilitação do passeio marítimo entre a Praia Formosa e os Socorridos, na zona Oeste do Funchal, resultante de um investimento superior a um milhão de euros. A ‘promenade’ que liga a Praia Formosa aos Socorridos, com mais de 2 quilómetros de passeio pedonal, já se encontra reaberta, após a conclusão da primeira fase da empreitada de reabilitação iniciada em Setembro de 2024, um atraso que se deveu “às condições adversas nos meses de Inverno”. A presidente do Conselho de Administração da Sociedade Metropolitana de Desenvolvimento, Élia Ribeiro, salientou a importância de manter o espaço nas melhores condições de segurança possíveis, tendo em conta o número elevado de utilizadores que frequentam diariamente a promenade. Uma empresa especializada executou os trabalhos nos tabuleiros e pilares que apresentavam um grau de maior degradação, de modo a garantir a segurança da estrutura, bem como, desacelerar a evolução da degradação do passadiço. Esta intervenção, que decorreu “numa área pública de grande relevância” e “que passa a estar, novamente disponível para usufruto da população”, representou um investimento superior a um milhão de euros. A promenade que liga os concelhos do Funchal e de Câmara de Lobos é uma infra-estrutura muito procurada pelos madeirenses e visitantes da Região para a prática de exercício físico e de caminhadas ao longo do litoral. “Com esta intervenção, a Sociedade Metropolitana de Desenvolvimento reafirma o seu compromisso com a inovação e a gestão sustentável dos seus espaços, promovendo um local mais organizado, seguro e atractivo para todos”, sublinha a Secretaria Regional dos Equipamentos e Infraestruturas em nota de imprensa. A par desta intervenção a Sociedade Metropolitana implementou um sistema de monitorização na promenade. “Este projecto integrou a instalação de contadores automáticos, que permitirão recolher dados sobre os padrões de utilização deste espaço público”, revelou a SREI. Os dados recolhidos pelos contadores instalados constituem uma ferramenta essencial para uma gestão mais eficiente e informada. “Ao conhecer melhor os fluxos de utilizadores, é possível garantir uma melhor gestão das equipas de manutenção e planear as intervenções de forma mais eficaz, disponibilizando os recursos nos momentos de maior necessidade”, explica. A informação pode ser também utilizada “para justificar e planear melhorias adicionais através do planeamento de investimentos nas infra-estruturas, soluções de mobilidade ou equipamentos de segurança”, sustenta a tutela do Governo Regional. SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO É NOVIDADE DO INVESTIMENTO DE MAIS DE UM MILHÃO Contadores automáticos em promenade renovada É TAMBÉM PROVÁVEL QUE CONTINUEM AS NOITES TROPICAIS, SOBRETUDO NO FUNCHAL No próximo fim-de-semana, o último de Junho, a temperatura do ar no Funchal poderá atingir os 30 ºC, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Até lá, o estado do tempo no Arquipélago da Madeira deverá manter- -se estável, sem variações significativas, devido à posição persistente do Anticiclone dos Açores. De acordo com Victor Prior, delegado regional do IPMA na Madeira e director do Departamento de Meteorologia e de Geofísica, as temperaturas máximas no Funchal deverão oscilar entre os 25 e os 27 ºC, com mínimas entre os 18 e os 20 ºC, ao longo da semana. A precipitação, se ocorrer, será sempre residual e de origem orográfica, sendo mais provável nas regiões montanhosas e na costa norte da ilha da Madeira. O vento soprará predominantemente de norte ou nordeste, em geral moderado nas regiões montanhosas e na costa norte, podendo tornar-se temporariamente forte nos extremos leste e oeste da ilha, com rajadas até 70 km/h. A previsão meteorológica indica, assim, a continuidade das actuais condições atmosféricas na Madeira durante os próximos dias, sem alterações de relevo. Já ontem, dia que assinalou o início do Verão, as temperaturas estiveram bastante amenas durante a noite, com a estação mais quente a instalar as noites tropicais nos três cantos da ilha da Madeira. As temperaturas mínimas não baixaram dos 20 ºC na madrugada de sábado no Funchal/Lido (20,6 ºC), Lugar de Baixo (20,1ºC) e Porto Moniz (20,6 ºC), de acordo com os dados das estações meteorológicas da rede do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). No primeiro dia de Verão foram registadas noites tropicais no Lugar de Baixo, Porto Moniz e Funchal. “Condições adversas nos meses de Inverno” atrasaram a obra. RICARDO DUARTE FREITAS [email protected] ORLANDO DRUMOND [email protected] REGIÃO ... Última homenagem ao padre Martins Júnior A paróquia da Ribeira Seca prestará hoje a última homenagem ao Padre José Martins Júnior. A cerimónia fúnebre terá início pelas 10h30 na Igreja da Ribeira Seca, onde será celebrada a Missa de Corpo Presente. Em sinal de tributo, a paróquia apela a todos os que desejem participar na última homenagem que levem consigo um cravo vermelho. Petição pública continua a somar A petição pública ‘Exigimos a Demissão do Secretário Regional da Madeira por Declarações Misóginas’, já foi assinada por mais de 1.500 pessoas. A petição foi criada na passada quinta-feira, 19 de Junho, dois dias depois da polémica sessão plenária para debate do Orçamento regional para 2025, na qual foram proferidos vários apartes. JPP contra exploração dos percursos pedestres O JPP insistiu ontem que é “totalmente contra” a “exploração comercial dos percursos pedestres” e a “privatização” do património natural que é pertença de todos os madeirenses e porto- -santenses. Basílio Santos lembrou que o orçamento dispõe de uma verba de 50 milhões de euros para requalificar e criar novos percursos turísticos, nos próximos quatro anos. Temperaturas podem atingir os 30 oC no final do mês
9 DIÁRIO DE NOTÍCIAS Domingo, 22 de Junho de 2025 Alegados episódios de violência, entre três mulheres, que têm em comum a defesa da causa animal, vão a julgamento no tribunal do Funchal (junto à CMF) a 16 de Setembro. O caso teve origem na devolução de um cão e ocorreu há quatro anos. De facto, no início de 2021, uma madeirense resolveu adoptar um cão que tinha sido resgatado por uma associação de defesa dos animais e colocado numa clínica veterinária nas Virtudes. Só que, dois meses depois, apontando razões de saúde e intenção de emigrar, quis devolver o animal, só que não teve Agressões entre amigas dos animais Devolução de um cão adoptado terá suscitado uma briga numa clínica veterinária. FOTO TERESA GONÇALVES/ARQUIVO MIGUEL FERNANDES LUÍS [email protected] CASO ENVOLVE TRÊS ARGUIDAS E VAI A JULGAMENTO NO TRIBUNAL DO FUNCHAL tarefa fácil. Alegadamente a responsável pela associação dificultou o processo, nunca lhe atendendo os telefonemas. Até que, com a intervenção da clínica, foi combinada para 12 de Abril de 2021 a devolução nas instalações desta nas Virtudes. De acordo com a acusação do Ministério Público, naquela data e local, entre as duas mulheres iniciou- -se uma discussão, tendo a dirigente associativa começado a filmar a outra com o telemóvel. Ao aperceber- -se de que estava a ser filmada, a jovem que ia devolver o cão aproximou-se daquela e desferiu-lhe uma pancada no telemóvel, fazendo-o cair ao solo. Acto contínuo, envolveram-se ambas em agressões - bofetadas, pontapés e puxões de cabelo. Teve de ser um funcionário da clínica a separá-las. Sofreram ambas equimoses e escoriações. No mesmo julgamento será também analisado outro incidente de que foi vítima a mesma dirigente associativa mas ocorrido na Zona Velha, na noite de 21 de Maio de 2022. Nesse dia terá alegadamente sido agredida por uma jovem de 26 anos, que a agarrou pelas costas, puxou pelos cabelos e desferiu-lhe vários pontapés nas pernas. As três arguidas são acusadas de um crime de ofensa à integridade física. Uma delas é acusada do crime de dano, por ter partido o telemóvel de outra. A dirigente associativa é acusada do crime de gravações e fotografias ilícitas. Cabe à juíza Fernanda Sequeira julgar este caso. JUSTIÇA PUB
10 DIÁRIO DE NOTÍCIAS Domingo, 22 de Junho de 2025 CASOS DO DIA SITUAÇÃO IMPEDIU BANHISTAS DE IREM À ÁGUA E FEZ HASTEAR A BANDEIRA VERMELHA Marés vivas na Praia Formosa O início da época balnear - primeiro dia de Verão - não começou da melhor forma para quem escolheu a Praia Formosa para ir a banhos. Além do principal acesso à zona vigiada no extremo poente continuar interdito, os banhistas foram ontem surpreendidos com o hastear da bandeira vermelha devido à presença de marés vivas. O mesmo aconteceu na praia vizinha, na Doca do Cavacas, onde foi hasteada bandeira amarela devido à presença de marés vivas. No entanto, apesar dos avisos por parte das autoridades e da sinalização visível, houve quem insistisse em ir a banhos. Vários banhistas foram vistos a mergulhar na zona não vigiada da praia - distante dos 100 metros - extremo poente -, desafiando a ondulação forte na manhã de sábado. A.F./O.D. PUB Uma mulher de 37 anos, de nacionalidade espanhola, sofreu um acidente enquanto praticava canyoning na Ribeira do Inferno, no Seixal, ao início da noite de sexta-feira. A turista, que estava acompanhada por um grupo, terá sido atingida por uma pedra quando descia a ribeira e sofreu uma queda. O grupo pediu socorro para a vítima pelas 21h08, tendo sido mobilizados para o local 10 elementos da equipa de resgate em montanha dos Bombeiros VolunTurista espanhola sofreu acidente durante canyoning O acidente ocorreu na Ribeira do Inferno, no Seixal. FOTO CAMINHEIROS ANÓNIMOS PARA O LOCAL DA QUEDA FORAM MOBILIZADOS 15 BOMBEIROS E A POLÍCIA FLORESTAL ANDREÍNA FERREIRA [email protected] tários Madeirenses, cinco dos Bombeiros Voluntários de São Vicente e Porto Moniz e dois elementos da Polícia Florestal. Contudo, a estrangeira foi ajudada pelo grupo em que estava inserida e conseguiu chegar à estrada pelos seus próprios meios. A turista recusou ser transportada para o hospital. Mulher caiu na Vereda da Ponta de São Lourenço Uma turista de 43 anos, de nacionalidade irlandesa, sofreu ontem uma queda quando percorria a Vereda da Ponta de São Lourenço, no Caniçal. A estrangeira apresentava ferimentos num braço. Foi socorrida pelos Bombeiros Municipais de Machico, que chegaram ao Cais do Sardinha a bordo de uma embarcação do SANAS Madeira. A vítima foi transportada por mar até a marina do Dreams Madeira Resort, onde era aguardada por uma ambulância dos bombeiros de Machico que a transportou para o centro de saúde. PUB
11 DIÁRIO DE NOTÍCIAS Domingo, 22 de Junho de 2025 Força Aérea transportou dois feridos para a Madeira ra, para ser observado no Hospital Dr. Nélio Mendonça. O homem seguiu para a Região a bordo do C295, juntamente com outra doente vítima de doença súbita. Os Bombeiros Sapadores de Santa Cruz e a Cruz Vermelha Portuguesa asseguram o transporte das vítimas do Aeroporto da Madeira para o hospital. Já durante a tarde foi evacuada O avião da Força Aérea Portuguesa C295 transportou ontem dois feridos do Porto Santo para a Madeira. A primeira evacuação ocorreu durante a manhã. Tratou-se de um homem com cerca de 50 anos, que caiu de madrugada no centro da cidade do Porto Santo e sofreu uma lesão numa perna e num braço. O socorro à vítima foi prestado pelos Bombeiros Voluntários do Porto Santo, que asseguraram o seu transporte para o centro de saúde local. No entanto, após uma avaliação médica foi decidido que o homem teria de ser evacuado para a MadeiANDREÍNA FERREIRA [email protected] Despiste de moto feriu turista em São Jorge Um turista, de 25 anos, ficou ontem ferido na sequência de um despiste de moto na Viaexpresso, no túnel da ribeira de São Jorge. O socorro ao motociclista, que apresentava escoriações, foi prestado pelos Bombeiros Voluntários de Santana. O homem foi levado para o Centro de Saúde de Santana e posteriormente seguiu para o hospital. Bombeiros treinaram resgate em canyoning A equipa de resgate em montanha com formação em canyoning dos Bombeiros Voluntários Madeirenses realizou ontem mais um treino para aperfeiçoar técnicas de socorro em canyoning. O treino realizou-se no Lageado, no Paul da Serra, e contou com a participação de oito elementos. Tal como o DIÁRIO noticiou, esta equipa concluiu esta formação especializada em técnicas de Salvamento em Grande Ângulo (SGA) em ambiente de canyoning em Novembro do ano passado. Os principais objectivos desta formação “visaram a capacitação dos formandos com competências técnico-operacionais indispensáveis para salvamentos em contextos desafiadores como o canyoning, uma modalidade desportiva em crescimento na Madeira”. PUB uma idosa de 90 anos, que sofreu uma queda num restaurante localizado junto à praia do Porto Santo. A mulher apresentava uma ferida na cabeça, tendo sido socorrida pelos Bombeiros Voluntários do Porto Santo e transportada para o centro de saúde. Acabou depois por ser evacuada para a ilha da Madeira pelas 14h10, no avião da Força Aérea Portuguesa.
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